domingo, 21 de junho de 2009

Conceito de Angústia

A angústia que é a contradição do homem, a qual surge quando ato e pensamento se diferenciam, momento em que o sujeito passa de uma esfera da realidade a outra. Quando o desespero humano desperta voluptuosamente melancólico e o indivíduo se vê entre o infinito e o finito “e agente precisa, realmente, estar acostumado a deixar-se edificar com o consolo que há no nada.” Como havíamos esclarecido, o homem que vive o desespero-estético só vê possibilidades, as quais são identificadas como substâncias do futuro. Já o que é movido pela esfera do desespero-ético enxerga tarefas, de onde conclui que são esses seus objetivos e seu fim último. O estético não possui uma segurança como é no caso do ético em relação à concreção de suas tarefas. Quem está imerso no estético põe sua espera no exterior de si, tornando-se um des-esperar, não tendo um lugar-no-mundo. Mas o que sucede de fato é o seguinte; esse esteta, um cômico por natureza, espera tudo do mundo exterior, que o geral lhe dê o necessário para camuflar sua angústia, mas buscar algo me si mesmo, não, isso ele não ousa fazer. O tempo não lhe permite e a coragem também não; para esse indivíduo “ser o não ser” é a grande chave de leitura para compreendê-lo. (Kierkegaard)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O Desespero Humano


Frente ao desespero, o eu que é eterno, procura a todo instante a morte de si-próprio, ou seja, busca-se nessa realidade uma eliminação do corpo enquanto finitude do ser, como se com a morte do corpo o eu conseguisse a superação dessa enfermidade, porém, é inadmissível tal conclusão, porque ele se desprendeu da realidade finita e cai na infinitude do ser, tendo como conseqüência o eterno desespero, noutra perspectiva, deseja-se a morte de sua própria existência, o homem quer esconder sua condição de ser delimitado pelo tempo, quer esconder que seu fim é determinado por sua condição de possibilidade, por suas escolhas, e por mais que ele fuja terá a morte como fim, mas é preciso uma postura frente à realidade, não fugir dela, pois se fugimos vivemos a morte em seus instantes reais, antecipamos o seu tempo. Nesse contexto, Abraão não se propõe a tal atitude, pois para ele não há essa necessidade de fuga, enfrenta sua condição do homem, mantém sua relação consigo mesmo e com o Absoluto, ultrapassando o geral e se sacrificando por ele, mas não de forma inconsciente, ao contrário, assumindo essa possibilidade do possível. (Eu)

O Sacrifício de Abraão


"O dever absoluto pode então levar à realização do que a moral proibiria, mas de forma alguma pode incitar o cavaleiro da fé a deixar de amar. É o que mostra Abraão. No momento em que quer sacrificar Isaac, a moral diz que ele o odeia. Mas se assim é realmente, pode estar seguro de que Deus lhe não pede esse sacrifício; com efeito, Caim e Abraão não são idênticos. Este deve amar o filho com toda a sua alma; quando Deus lho pede, deve amá-lo se possível, ainda mais e é então somente que pode sacrificá-lo; porque este amor que dedica a Isaac é o que, pela sua posição paradoxal ao amor que tem por Deus, faz do seu ato um sacrifício. Mas a tribulação e a angústia do paradoxo fazem que Abraão não possa ser compreendido, de nenhuma forma, pelos homens. É somente no instante em que o seu ato está em contradição absoluta com o seu sentimento, que ele sacrifica Isaac. No entanto, é pela realidade de seu ato que pertence ao geral e, neste domínio, é e continua a ser um assassino". (Kierkegaard - Temor e Tremor)