quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Esteta, o Ético e o Religioso


Quando pensamos nas existências estética e ética, o sofrimento, com efeito, não é algo necessário, de modo que, o desespero não passa de uma transição para um outro momento da vida, podendo muito bem viver sem vivê-lo. Para o homem religioso, o desespero não é uma exceção, mas fator decisivo para tal estágio, pois ai revelar-se-á a sua interioridade, sua subjetividade de forma concreta, caso contrário, Abraão não teria se tornado um cavaleiro da fé. Quando o homem reconhece seu sofrimento, isto é, que a existência comporta desafios, depara-se com o incógnito que há em sim mesmo, por isso “quanto mais sofrimento mais vida religiosa e o sofrimento permanece” [1] (REICHMANN, 1971, p. 55).

O prazer que o esteta tanto buscou como fundamento de sua existência não confere nada mais do que o gozo em si mesmo, a escassez de uma verdade eterna, em semelhante postura nos deparamos com o ético, este essencialmente se relaciona com o dever para com o geral. Ambos sofrem a “transubstanciação” causada pela angústia compreendida pelo Cavaleiro da fé. Se agíssemos pelas esferas da razão estética e moral poderíamos chegar ao pressuposto de que, “não é a verdade que governa o mundo, mas as ilusões” [2].