sexta-feira, 15 de julho de 2011

Kierkegaard se opõe à redução lógica do cristianismo


Sob a influência do seu mestre e amigo Poul Moller (1794-1838), Kierkegaard protestou muito cedo contra a redução do cristianismo a um sistema dominado pela necessidade lógica. Opõe à especulação dialética da mediação a separação absoluta entre Deus e a natureza, entre o eterno e atemporal, entre o finito e o infinito, oposições absolutas a não se no momento íntimo da fé, que é a revelação de Deus no tempo. Recusa admitir que o mistério da Trindade perca sua opacidade, que encontre uma explicação objetiva no desenvolvimento dialético hegeliano. Para ele, a revelação de Deus no tempo é um paradoxo que a razão não consegue penetrar. Na linguagem de Kierkegaard, o paradoxo exprime a relação entre um espírito finito e uma verdade infinita.
            Eis portanto, em poucas palavras, alguns elementos a partir dos quais se formou, sem isso reduzir, a filosofia de Kierkegaard. O pensamento de Kierkegaard não é apenas um pensamento que se opõe, por exemplo, ao romantismo e à aplicação do hegelianismo à teologia; é um pensamento positivo que persegue seu objetivo preciso: a apropriação subjetiva da verdade e a construção do papel de testemunha da verdade que o pensador, com os riscos que isso comporta, deve assumir no “temor e tremor”. (CHARLES LE BLANC. 2003, p. 29-30).

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